quinta-feira, 2 de setembro de 2010

DE POLÍTICA


O problema.

É difícil discutir política ? É.

Política deviam ensinar no colégio.

Nos colégios onde passei nunca ensinaram.

Creio que não ensinam a votar porque sempre foi mais fácil utilizar o voto de cabresto, no qual o votante se submete à autoridade de quem manda.

Meu pai criticava amargamente:

- Só se mete em política quem é sem vergonha.

Isto era dito só da boca pra fora, pois na hora de votar ele sempre escolhia alguém, por ele e por mim.

A redação.

Faz de conta que ainda sou um menino colegial e preciso escrever uma redação em época de provas.

Como estamos em época eleitoral, voltei ao marco zero, e preciso saber melhor como tratar o tema da Política. E até mesmo reescrever a história deste país desde minha juventude até agora.

Um jovem

Por esses dias um jovem me disse que vai votar em branco, pois não há nenhum só político que mereça o seu voto.

Eu então respondi que assim como na vida nós não podemos dar um passo sem escolher companhia, na política também, precisamos escolher com quem calibrar nossos pontos de vista.

Nenhum candidato é perfeito, mas podemos escolher aquele que, para cada um de nós, tenha menos imperfeições.

A alternância do Poder

Existe um impasse. Quem está no poder quer mais poder. E quem está fora não sabe como entrar.

O PSDB exerceu o poder durante oito anos. E o PT, por sua vez, repetiu a mesma dose nos oito anos seguintes.

Esta é uma tendência dos grandes partidos: pensar que são os detentores perpétuos da coroa imperial.

Quando é que alguém vai levar à prática aquelas reformas que o país exige? Pois a tendência dos políticos é de não arriscar um milímetro de suas posições já conquistadas.

E os partidos pequenos, poderiam ter maior influência na política brasileira, se deixassem de andar a reboque dos partidos maiores.

Como no futebol

Nesta redação colegial, lembro que o meu Grêmio Futebol Porto Alegrense foi inferior ao Rolo Compressor do Inter durante anos. E nós, torcedores do Grêmio, ficávamos apáticos, numa discreta esperança de que no ano seguinte chegaríamos lá.

Como eleitor, também, sempre torci pelo mais fraco.

No partido Socialista

Quando jovem, por um bom tempo votei nos candidatos do Partido Socialista Brasileiro.

O PSB era um partido de grandes intelectuais, como o jurista João Mangabeira, Domingos Velasco, homem de Goiás que chegou a senador, e gente do Sul como o médico Rubens Maciel, o jornalista Flávio Tavares e o radialista Cândido Norberto, Um partido tão recheado de grandes craques, igual ao Grêmio, como podia ficar fora do poder? Um partido que não aceitava autoritarismos e que poderia ser vitorioso, como o Labour Party inglês, se não se tivesse coligado a outros partidos maiores..

Os candidatos

Um candidato bom, hoje, teria que se pautar pelas questões referentes à Cultura, à Educação e ao Meio Ambiente, o que não tem acontecido, porque os políticos, movidos pela ânsia de resultados imediatos, só agem em prol do crescimento econômico.

Institutos de Pesquisa

As pesquisas tem se comportado como se fossem a própria eleição, e, assim sendo, não ajudam à escolha do eleitor.

Seria bom que o eleitor votasse pela sua convicção e não pelo que as pesquisas estão indicando.

Se este campeonato eleitoral põe na mídia todo dia quem vai ganhar, então para que realizar as eleições?

Coligações.

Só servem para confundir a população.

Quem vota está em busca da verdade, e não só de vencer.

Ora, a coligação só visa reforçar os partidos para a vitória.

E do que se precisa para ser feliz é de viver na verdade e não numa vitória de Pirro, efêmera e enganadora.

Continuísmo

O continuísmo é um fato marcante na conjuntura brasileira.

Getúlio ficou 15 anos no poder, sob o pretexto de combater o comunismo e o integralismo.

Mas o comunismo não era tão iminente assim, e o integralismo, parente do fascismo, com o qual Getúlio até simpatizava, para que iria combater?!

Também os revolucionários de 64 cuidaram de estar salvando a democracia contra os esquerdistas, ao prometerem uma eleição para breve. Alguns candidatos, como Lacerda e Juscelino, confiaram cegamente nessa eleição, porém, o tal “para breve” resolveu durar apenas mais de vinte anos!...

A maior sabedoria está em nunca mexer num time que está ganhando...

Idealismo

Um idealismo, saudável, poderá um dia suplantar nossa vocação monárquica? Vamos até quando repetir os velhos vícios?

Alguém tem previsão para mudanças substanciais?

ELEIÇÃO?

Eleição é a instituição símbolo de uma democracia.

Tanto assim que uma eleição fraudulenta poderia até ser anulada.

Mas o que vem a ser na prática uma fraude?

Quando eu era garoto, soube de um candidato que costumava se eleger devido à farta distribuição de chaveirinhos, flâmulas, camisetas.

Mais tarde ouvi falar que há compra de votos em dinheiro vivo, ou até prometendo empregos aos eleitores.

E ouço noticias sobre parlamentares que trocam vagas em hospital por apoio em eleição...

Assim mesmo, em prol da democracia continuaremos sofrendo problemas e aperfeiçoando as nossas leis.

Interesses

Mas convenhamos, a eleição não precisa ser um mero jogo de interesses para angariar privilégios.

Os partidos, que mudam de camisa conforme as vantagens oferecidas, tem um estrato superficial bonzinho, de amigo do povo, e um estrato profundo que não decifram para ninguém.

E eu que numa vida inteira não me abalei por influências, e nunca negociei com as minhas idéias, como é que fico?!

O marketing, que é um típico recurso capitalista para manipular o mercado impondo a venda de um produto, como é que pode ser utilizado em eleições?!

Eu prefiro votar de acordo com minha própria consciência.

E um esquema político, magnetizando as massas, não se torna uma religião, que é o que Marx menos queria aceitar por ser o “ópio das massas”?!

Partidocracia

A democracia às vezes se transforma em PARTIDOCRACIA, onde um partido, que antes tinha alguma identidade, passa a ser um monte de tendências que se opõem e que nunca, poderiam conviver. No entanto as alianças em geral se criam não por motivos ideológicos ou programáticos, mas por maior hegemonia política, ou tempo de propaganda na TV.

Conselho

Como posso aconselhar meus filhos a votar em A. B. ou C, depois que o meu pai me ensinou a desconfiar dos políticos?

Meu pai dizia:

- Se você hoje tirar da Política o egoísmo e a ambição, será que ainda vai sobrar alguma coisa?!

E acrescentava, saudosista:

- No meu tempo, fazer política era a máxima honraria, prestar serviços à comunidade, sem a mínima remuneração!

Loteamento de cargos

A disputa acirrada por cargos e vantagens mostra que o Amor ao Poder exerce muito mais atração do que o Poder das Idéias. Isto acaba causando uma descrença geral no valor das eleições.

O valor das eleições

Tudo isso nos leva à conclusão de que eleição não é um campeonato de futebol, onde o mais importante é ganhar ou perder.

A finalidade da eleição num país novo como o nosso é exercer um processo educativo, dilatando e aprofundando nos novos eleitores uma consciência dos problemas brasileiros e suas vias de solução. Processo educativo que, é claro, uma consulta a todos os partidos e não com a hegemonia de um só.