sexta-feira, 19 de novembro de 2010

C O N V E R S A


A vocês, amigos meus de qualquer parte do Brasil ou do Mundo, dedico este poema que foi publicado ontem, 18 de novembro de 2010 no jornal Zero Hora de Porto Alegre setor Almanaque ZH
Abraço

Conversa

De Isaac Starosta


Quero falar contigo
Num centro comercial
Ou em qualquer lugar
Onde haja os tíquetes
De conversação

Falando é fácil
Enfrentar a fila
Enfrentar a fome
Ou mudar a agenda
Da nossa apatia

Pesco a tua voz
Na terra firme
Lá onde brotam
Todas as minhas
Sementes íntimas

Entre sargaços
Andamos às cegas
Trocando palavras
Criando novo espaço
À nossa alegria

sábado, 6 de novembro de 2010

JOAQUIM NABUCO FRASISTA



É um ótimo biógrafo, memorialista, historiador, advogado, diplomata.

Mas alguém sabe do seu trabalho como pensador?

O livro que eu descobri do mestre nessa área é justamente o que leva literalmente por título ”Pensamentos Soltos” do qual extraí, para meus leitores, o de número 37, à página 102:

“Em milhares de livros, há um que é tema; os demais não passam de variações”.

Admirei neste pensamento o raciocínio conciso, certeiro, direto ao alvo, e há também nele alguma ironia com os que escrevem, escrevem, escrevem, sempre em redor do que os outros já escreveram. Mas não será esta a injunção natural de tudo o que a gente pensa, de tudo o que a gente diz? As coisas que a gente faz se correlacionam ao já feito. E este é o mecanismo mais comum a todos os atos civilizados.

Quais livros é que poderiam ser considerados “temas”? Seria um o D.Quixote, referente às utopias? Seria outro o “Romeu e Julieta”, referente à eterna força do amor?

Ora, os escritores e os editores de hoje ficariam ruborizados com este pensamento solto, número 59, de Joaquim Nabuco:

“A profissão de escritor merece toda piedade. Escrever para ganhar o pão, escrever para viver é deformar o talento”.

Sim, certo, pois grande parte dos que militam nos jornais se preocupam mais com o “furo jornalístico”, que faz o jornal vender, do que com o estilo do texto, ou com a serena contemplação da verdade.

Esta concepção do escrever de Nabuco está posta de uma maneira um tanto radical, porém agora, pensando bem, haveremos de convir que a maior parte do que se publica não é para ganhar o pão. E os que vivem do ato de escrever são muito raros.

De qualquer forma, este conceito de Nabuco coincide com a minha idéia mais consolidada, em função da experiência que eu tenho tido, de que a literatura, antes de mais nada, visa um padrão estético, e, como tal, pertence às Belas Artes.