quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

SOLIDÃO, SOLIDÃO


Hoje apresento a meus queridos leitores o meu poema-delírio publicado na sexta-feira passada no Almanaque do jornal Zero-Hora de Porto Alegre.

Será que alguém vai gostar? That´s the question.

SOLIDÃO, SOLIDÃO

De Isaac Starosta

A facilidade de ir e vir

Para todos os lados

Não faz melhorar

O meu lado

A comodidade do carro

Do cigarro do pigarro

Me alcançam a tapioca

De um shopping lotado!

O único alívio é poder

Estar entre amigos

O que é tão estranho

Quanto o céu claro

De mil estrelas cadentes

Onde a solidão que surge

Se estilhaça em milhares

De olhos e faróis!


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

MENDELSSOHN


O GÊNIO MUSICAL DE MENDELSSOHN

Artigo de Isaac Starosta

Penso que Mendelssohn não renegou o povo judeu ao incorporar-se à cultura alemã. Ao converter-se a uma religião cristã, ele não se desprendeu da fonte maior de sua inspiração que é o veio inesgotável da música tradicional judaica, tanto religiosa quanto folclórica. A beleza e a majestade de seus temas musicais são dignas seja da vida pastoril dos seus antepassados mais remotos, assim como dos Reis, Rabinos, e Profetas da Bíblia, seja dos conjuntos Kletzmer do interior da Alemanha e dos Cantores sacros das grandes sinagogas européias.

Tão ligado à tradição judaica – sua família compreendia ascendentes rabinos e filósofos – jamais renunciou ao opulento legado artístico e cultural dos ancestrais, mas apenas ajustou o seu judaísmo às novas correntes culturais do Ocidente. Que não se vá culpá-lo por causa disso, já que, na realidade, não existe uma cultura pura e solitária, uma cultura fechada em si mesma. Todos nós estamos sujeitos às mais variadas influências. Há pouco tempo assisti a uma exibição musical de crianças judias onde a gigantesca maioria das músicas, algumas até compostas pelos próprios meninos, eram na linguagem do rock-and-roll.

O que tem havido com a música de Félix Mendelssohn é o esquecimento imperdoável dos séculos. Pois um compositor da estatura de Mendelssohn não devia ser lembrado por apenas umas duas ou três obras: a Marcha Nupcial que faz parte da suite “Sonho de uma Noite de Verão” que raramente tem sido executada completa; um trecho inesquecível do Oratório Elias: “Hear ye, Israel, hear what the Lord speaketh” (soprano), que às vezes é apresentado por solista e Coro; uma que outra Canção sem Palavras para piano, como, por exemplo, a Canção da Primavera. Afora isto, o homem é autor de centenas de obras pouco conhecidas, entre as quais sinfonias, sonatas, concertos, música camerística variada. Há pouco apareceu um DVD belíssimo com o Sexteto para piano e cordas de Mendelssohn por Yuja Wang ao piano, com a orquestra do Festival de Verbier . Existe ainda um disco gravado parte em Cd e parte em DVD, contendo o Concerto de Violino Op 64, o Trio Nº 1 Op. 49 e a Sonata para Violino em Fá Maior, um repertório todo de obras extraordinárias de Mendelssohn interpretadas por Anne Sophie Mutter, para a Deutsche Grammophon.

O esquecimento das obras de Mendelssohn foi provocado em grande parte por seus detratores, dos quais um dos maiores foi Richard Wagner, que escreveu o ensaio “A Música dos Judeus” apregoando que a música de um judeu-alemão como Mendelssohn vai soar sempre superficial e inócua porque não consegue desenvolver, por falta de vivência suficiente, as características autenticamente germânicas.

A verdade é que Mendelssohn, na sua genialidade, criou música que congrega várias culturas sem ser só judaica, só alemã, ou só italiana, por exemplo.

Mendelssohn é autêntico por si mesmo, pela intensidade do seu trabalho e pela genialidade de suas idéias musicais e filosóficas.

Jamais poderemos classificar Mendelssohn, e assim também Beethoven, ou Bach, ou Brahms, como valores de um país, de uma raça ou de uma religião específica.

Os grandes gênios são patrimônio de toda a humanidade!

.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

UM POEMA DE AMOR

Uma das coisas mais complicadas, além de amar, é escrever um poema de amor. Assim mesmo eu aceito o desafio, e a incumbência de colocar uma coisa tão volátil como o amor, na fixidez, na linha militar dessas palavras que desfilam. Eis o poema:

N O L A B I R I N T O

Isaac Starosta

Eu te amo

Neste labirinto


Eu te amo

Abrindo janelas

Para me olhares

Mais de perto

E gostares

De mim também

Eu te amo

Nesta brisa que sacode

A corda de secar

No teu riso franco

Em tuas frases curtas

E nesta marola de dúvidas

A certeza de que

Tu sendo

Ou não sendo minha

Eu te ame

Sempre por igual

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

MÚSICA DE POULENC


Hoje estou escutando música de câmara de François Poulenc para piano e sopros, com o pianista e regente James Levine.

A música flui radiosa, colorida, insinuante em timbres sensuais infindáveis. Esta música está me dando suma alegria e felicidade no decorrer da paisagem comum de um dia igual aos outros. Só a música, nada como a música para elevar o ânimo da gente!

Fico até com pena deste Cd que vai desaparecer como todos os CDs que entram em moda e logo são deslocados pelos que vem vindo em lançamentos logo ali adiante.

Mas o milagre do disco não está só no lançamento, o milagre está justamente em perpetuar, em renovar cada vez a escuta daquelas frases musicais que nos foram tão agradável desde os primeiros contatos. Este Cd de James Levine, com os seus companheiros de sopros, eu reescuto há muitos anos, principalmente o Trio, a Sonata para flauta e piano, e o sensacional Sexteto que vem como última obra do disco.

Este Cd de Levine para a Deutsche Gramophon, eu o comprei por acaso e depois nunca mais, por acaso nenhum, cheguei a vê-lo em alguma loja. Hoje estou procurando saber sobre ele mais informações através dos meus guias anuais de discos, seja o Penguin, o Gramophone, ambos ingleses, ou o Diapasón francês, e nada de encontrar, não vejo em tais guias, maçudos e sábios, nem uma só palavra que se refira minimamente à gravação de Jaques Levine e companheiros.

Será que nós dois, eu e o disco juntos, vamos continuar sozinhos pelo resto da vida?!

Acho até muito estranho isto de que os meios de comunicação raramente digam alguma coisa sobre a música erudita.

O remédio agora, para quem não encontrar esta gravação que escolhi hoje para escutar, será procurar outras gravações mais recentes, e que ainda circulem no mercado, como a da Naxos, com Alexandre Tharaud ao piano, da Emi com Jacques Février e da Chandos com Vovka Ashkenazi.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

DOR OUTRA VEZ

DOR OUTRA VEZ

De Isaac Starosta

Dor é sentimento

Em calda

É fervor servido

Em ebulição

Quem sente amor

Também sente dor

Que tudo ocorre

Se compensando

Pelas leis naturais

Quem consegue evitar

Os frios de primavera

Clima extra-galático?!

DALAI-LAMA

Dele tenho uma frase que recebi do Dr. Oscar Glusman, se estou bem lembrado. Como quer que seja, convém divulgar pois a frase é boa, justa e se encaixa perfeitamente na minha maneira de pensar. Ei-la:

“Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, e depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.

E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente e acabam por não viver nem no presente nem no futuro.

E vivem como se nunca fossem morrer, e morrem como se nunca tivessem vivido”

RESPOSTA A UM LEITOR

Alguém, que se intitula como Ideiafix, quer saber o que penso sobre a obra A Criação de Haydn. E respondo que, diferente de Handel, não era característico de Haydn o escrever cantatas com enredo bíblico. Poderíamos dizer que as obras de Haydn são de um classicismo lírico enquanto que as de Handel, por seguirem fielmente as narrativas bíblicas, são mais dramáticas.

Lembro de uma época, aqui em Porto Alegre, em que Pablo Komlos, um maestro judeu-húngaro proveniente da Europa, transitou pelo Uruguai até se fixar em Porto Alegre onde fundou a primeira Orquestra Sinfônica na história de nossa cidade. Pois eu lembro que, das obras aqui regidas por Komlos, além da Nona Sinfonia de Beethoven, a que mais forte impressão causou ao nosso público foi exatamente a Criação de Haydn; entre os trechos que fizeram a platéia chorar de emoção estava o “E Fez-se a Luz!!!”, neste trecho a música crescia tanto até ir bater lá no Céu! A Criação era o puro Gênesis traduzido em português, o que facilitava a compreensão do auditório.

O tema da Criação foi sugerido a Haydn por Johann Peter Solomon, violinista e compositor alemão que se radicou na Inglaterra, onde introduziu as sinfonias de Haydn e Mozart. O oratório estreou-se em 1798 em Viena e foi seguido por outro, As Estações do Ano, em 1801. Na sua época Haydn não conseguiu ser tão apreciado quanto Mozart e Beethoven, apesar de ser sumamente interessante em todas as suas numerosas obras.

Hoje, séculos após a sua morte, surpreendentemente surge um consenso, entre estudiosos e críticos, de que Haydn alcançou sua realização máxima nas músicas vocais: oratórios, missas e óperas.

Para o audiófilo em geral a música de Haydn é muito ampla e inesgotável. E os intérpretes estão sempre redescobrindo-a tanto nas sinfonias, como no quarteto de cordas e na música para teclado, cujas possibilidades ele ampliou com sutilezas, leveza de execução e uma lógica de estruturação pura e cristalina.

domingo, 11 de setembro de 2011

DIÁRIO POÉTICO


DIÁRIO POÉTICO

Isaac Starosta

Sou um intuitivo.

Nunca cometi um soneto, por exemplo, nem mesmo cometi qualquer tipo de écloga ou ditirambo.

Métrica e rima só me acontecem por mero acaso. São coisas do tempo da literatura oral, usadas como meros recursos mnemônicos.

Me libertei das formas fixas, para me dirigir à utilização de formas específicas que vão se sucedendo de poema a poema.

Para Casais Monteiro, a poesia moderna dá muito mais trabalho artesanal ao poeta do que a poesia clássica ou romântica, pois na moderna precisamos construir verdadeiras sinfonias, com vozes timbres e estruturas superpostas, ao passo que na poesia deliberadamente formal, só se faz uma sonata simples, linear, ou um bom canto gregoriano monocórdico.

Sei que nasci poeta, mas sei também que trabalhei muito, muito tive de me adicionar tijolos à construção para me construir humildemente como um autêntico poeta.

Sem um intenso trabalho, eu teria ficado naquelas primeiras rimas e ritmos ingênuos para sempre. Teria ficado diariamente na gravata bem colorida e no suspensório atlético. E na vida interior tudo teria vindo espontâneo, fluente, sem eu saber como nem por quê.

Depois dessas primeiras tentativas, tudo se tornou conscientemente induzido por mim mesmo, epístolas falando na grandeza do Brasil ou falando de amor às namoradas; e uma longa Carta ao Meu Pai, que nunca tive a coragem de publicar até hoje, mas que tentar, tentei até a exaustão.

Meus ídolos de adolescente: Augusto dos Anjos, Manuel Bandeira, Fernando Pessoa, particularmente nas tempestades dramáticas daquele filósofo-chorão Álvaro de Campos.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

PRIMAVERA


Oi, pessoal, estou sem freqüentar este cantinho há muitos dias. Deve ser por causa do frio inclemente que se apossou desta cidade nos últimos meses. Agora, mais animado, estou retornando.


PRIMAVERA

De Isaac Starosta


Quando teremos

De fato um

Verdadeiro

Parto de alma

Que nos faça

Nascer de novo?


Quando teremos

Um verdadeiro

Coração para

Cantar a brisa

Primaveril?


Quando teremos

Finalmente

Um céu limpo

E uma brisa

Mais suave?


Já chegou

O Setembro?

sábado, 13 de agosto de 2011

ALEGRIA, ALEGRIA


ALEGRIA, ALEGRIA!

Isaac Starosta

Em teu nome, alegria,

Desfilam exércitos dentro

Deste meu sonho,

Até que eu possa despertar!

Em teu nome, alegria, se ilumina

Esta noite sem mais nada

Em que todos dormem

Alegria, alegria,

Dá um destino maior

Aos pobres noctívagos

Deste inverno!

Dá um pouco de vinho

Às bocas desamparadas!

Empilha de flor em flor

Montinhos de amor

Até o último andar

Deste meu delírio!

Alegria, alegria:

Abre os braços e canta

Canta mais canta mais

Até a explosão final

Deste meu coral

Que a noite espalha

Restos de lembranças

Eterna pantomima

Alegria! Alegria!



domingo, 24 de julho de 2011

A DOR DA DOR


È muito difícil escrever um poema sobre a dor mas eu consegui escrever um, embora tenha me doído demais. Agora vamos ver o que os leitores acharam, pelo menos que a raridade não seja vista como um defeito. Abraços a todos

DOR-DA-DOR

De Isaac Starosta


A dor não se comunica

A dor se dói

Como ferro em brasa

A dor não se comunica

Nem quando é procurada

Num matagal de letargia

A dor não se comunica

Ainda mais quando a gente

Espera pacientemente

Que um dia ela se desvaneça

Exacerbada pelo amor

A dor ainda persiste

E procurando esquecer

Ela dói mais ainda...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

APRENDENDO A VIVER (III)



APRENDENDO A VIVER (III)

RIDICULÂNCIAS

Ridículos são aqueles que pretendem grandes coisas.

E ridículos também somos nós, os menos ambiciosos, mas que, em maior ou menor escala, pretendemos ganhar muito, ou quase nada, construindo frases feitas que durem pela eternidade...

ASCENSÃO

Qualquer um de nós tem motivos para viver em decadência, ou em ascensão.

Uns possuem um primo ladrão.

E outros, um primo profissional liberal.

POMBA

Naquele dia apareceu uma pomba branca no meio da avenida.

É pouca coisa para quem não acredita em milagres.

Mas é uma baita de uma força para quem, de alma solta e peito forte, ainda acredita na Paz Mundial.

CURIOSIDADES MUSICAIS

1. Você sabia que Arturo Toscanini, com a sua orquestra NBC, é o maestro mais gravado da História da Música?

2. Se você quer saber qual é o meu gosto pessoal em termos de regentes, para mim o maestro mais forte e coeso de todos chama-se Eugene Ormandy, um húngaro do Século Vinte e que regeu durante cincoenta anos a Orquestra de Filadélfia.

3. Os gestos dos regentes de orquestra são os mais estranhos possíveis:

4. Fritz Reiner quando rege parece estar enfiando o saca-rolha para puxar uma tampa de garrafa.

5. Já Leopold Stokowsky, sem usar batuta, ergue as mãos tão alto para o Céu quando rege, como quem pede as bênçãos divinas para toda a Humanidade.

6. Toscanini rege teso, sizudo e com raiva, como quem diz, arre, como é que pode, escolhi os piores músicos do mundo, e agora me obrigam a fazer tudo da minha própria cabeça, como é que eu vou me haver assim?!

7. Os meus bolsos estão continuamente com novos e novos papeluchos contendo anotações, que, quando vou ver, nem sei mais para que os anotei. Exemplo de um deles: Max Reger, Trios; Krenek, Motetos; Charpentier, Office dês Ténèbres op 111.

8. As anotações dos bolsos são projetos de músicas que eu pretendia encontrar em algum lugar, mas que, sinceramente, nem sei mais para quê as estava procurando.

O SONHO GREMISTA

Tudo é incerto dentro do campo, desde o começo

Até o último apito do juiz

O meio-campo não consegue jogar num terço

Que dirá no campo inteiro

E a esperança que tem sido constante

Sempre morre nos pés dos atacantes

Nosso esquema é duas linhas de quatro jogadores

Só que a primeira linha está sempre esperando

Que a segunda linha entre em campo

Para ela poder jogar também

Nosso time é tão imortal que entra morto na partida

Não precisa nem fazer força para se imortalizar!

OS CARROS

Quando vejo os carros afoitos para se ultrapassarem num cruzamento, tento fixar os olhos para ver melhor onde estão os seres humanos que há muito foram devorados por essas baratas metálicas!

sábado, 9 de julho de 2011

APRENDENDO A VIVER (II)



EDUCAÇÃO

Eis uma bela frase de Cristóvão Buarque que estou tomando de empréstimo:

“O Brasil ficou entre os oito melhores do mundo no futebol e o povo ficou triste. É octagésimo quinto (85) em Educação e não há tristeza”

Aliás, a primeira vez que eu ouvi falar em Cristóvão Buarque, logo pensei:

- Se o Cristóvão é governador e escritor, deve ser tão bom quanto o Chico, que também é duas coisas, Compositor e Cantor.

Mas agora que o Chico ainda é uma terceira coisa, escritor premiado, será que ele ficou melhor do que o seu parente senador e frasista?!

FUTEBOL

Esta frase já é uma das minhas, e muito me orgulha pensar assim

- Por que você escreve?

- Porque nem sempre estou com vontade de discutir futebol.

FLORAIS

Esta que vem a seguir é uma das maiores convicções minhas:

- A vida não se conta em dias, meses ou anos.

- A vida decorre, e se desgasta, em gotas de sangue que extravasam, e só se recupera pelos florais que a gente ingere – isto quem dizia era um farmacêutico homeopático acostumado a viver, a absorver a vida, de gota em gota.

SATISFAÇÃO

Segundo o Talmud, “satisfação vale mais do que toda a riqueza”.

Mas isso aí só me convenceu em parte. Sei que a gente só se sente feliz com aquelas pessoas ou coisas que nos trazem satisfação. Porém eu sei também que não concordo com a satisfação que me leva a não mais procurar novos atrativos, novos livros, novas amizades.

Ou seja, satisfação só vale quando não nos escravizamos a cobiçá-la, substituindo por ela a riqueza que desistimos de oerseguir.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

DE MANHÃ NO PARQUE


Só uma pequena observação sobre o poema de hoje

O meu propósito, quando ando pelo parque, é reinventar a cidade

DE MANHÃ NO PARQUE

Isaac Starosta

Vou atrás

Do Parque amigo

Que sempre está

Dentro de mim

Sou bem recebido

Por um coro de pássaros

Em altas mensagens

Senhores sentados

Nos bancos

Meninas serelepes

Correndo na pista

O Parque regurgita

Lindas formas

E cores

Enquanto eu

Me contento

Em reinventar

A cidade

Nesta manhã

Sem esquemas

Tudo que é denso

Apenas flutua

Pelo Parque...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

BLOOMSDAY


BLOOMSDAY

Isaac Starosta

Hoje, dia 16 de junho, Isaac Bloom chegou cedo para correr em redor do campo de futebol de um colégio religioso. Lembrou-se de criança quando, num gramado análogo, adorava ver os outros meninos jogando uma bola redondinha enquanto ele, sempre que tentava chutar, errava em bola; mas não precisava mesmo acertar porque o pai de Isaac, pertencente ao povo eleito, elegeu o filho para vencer nas Ciências e nas Letras.

Agora Isaac Bloom, correndo na pista, olha para as damas que se exercitam nos aparelhos de ginástica. Elas usam roupas colantes que embelezam mais ainda suas formas. Isaac Bloom acha errado as mulheres, que podem vencer pela sua simples beleza, quererem se esforçar tanto diariamente para vencer mais ainda.

Os automóveis em volta são muito barulhentos – Garanto que em Dublin nunca houve tantos ruídos assim – reclama Isaac Bloom, que ainda precisa tomar o café da manhã, passar no Escritório, ler os jornais e ir até o Colégio Israelita buscar os netos.


quinta-feira, 9 de junho de 2011

NO PARQUE


NO PARQUE
Isaac Starosta

Achei bom submeter aos leitores à segunda forma do mesmo poema da postagem anterior. Trabalhei, sintetizei, tornei o poema mais poemático. Pois me ensinou o mestre Drummond a não fazer poemas sobre locais, datas, acontecimentos, nem sobre a merencórea infância, ou seja, o poema não é a circunstância da gente. Poema se faz com PALAVRAS.

Acho que valeu a pena trabalhar um pouco mais pois com isto eu encontrei um jeito melhor de dizer o parque.

Vocês não acham também?

NO PARQUE

Isaac Starosta

Andando pelo parque

Desisto de minhas antigas

Rebeldias gratuitas

Aqui meu compromisso

É de andar só por andar

No lépido e certeiro caminho

Seguir meus próprios passos

Aqui não preciso andar

Com sanduíches nos bolsos

Nem máquina alguma

Que me fotografe o caos

Andando entre os verdes

Esqueço um pouco

De ser o que não sei

quinta-feira, 2 de junho de 2011

CAMINHANDO PELO PARQUE



Hoje acordei bem cedo, com vontade de escrever e caminhar.

Saí então de casa, com uma cadernetinha na mão, para anotar tudo o que rolasse de uma caminhada sem fim.

Gremismo (II)

Estou numa recaída de Gremismo agudo.

O Grêmio ia super bem. Com o Renato de técnico, era franco favorito para o título do Gauchão. Não sei se foi salto alto, só sei que de repente entornou o caldo, pois o favoritismo sempre é perigoso, muita presunção, torcedores cantando vitória nas estações de rádio e jornal, brigas de microfone, dirigentes denunciando irregularidades, declarando de tudo e logo depois proibindo novas declarações. E o Grêmio cantado e decantado em prosa e verso até que, alegria em casa de pobre dura pouco, perdemos em cinco minutos, nos pênaltis, todos os pontos acumulados durante meses.

O pior é que eu tenho tido uma vocação congênita para perdedor. Nas décadas de 40/50, quando eu era ainda um menino, o Grêmio perdia sistematicamente para o Rolo Compressor do Inter. Não sei por que, mas eu adquiri, desde aquele tempo, uma simpatia irresistível pelo perdedor. É que o perdedor sempre renova as esperanças de melhorar, jogando, perdendo, jogando de novo, afinal não vai perder sempre, vai que um dia.

O Grêmio perdia, perdia, porém um dia, somando a minha fé com a de outros torcedores, é bom que nem se saiba quando, um dia o Grêmio haverá de se levantar.

Agora voltando a caminhar, estamos chegando no Parcão, que uma vez foi a sede do grêmio, no Estádio da Baixada, vemos assim como tudo se liga, caminhando pelo Parque, além dos benefícios físicos e mentais, estou um pouco voltando à infância neste belíssimo recanto de canários, patos, tartarugas e gente linda, como convém a qualquer parque que se preze.

CAMINHANDO PELO PARQUE

Isaac Starosta

Andando pelo Parque

Desisto de ser um filho rebelde

E em compensação desisto

Também de ter um pai

Muito rigoroso

O Parque é o único caminho

Que me leva a um hoje sempre

De todos e de ninguém

O Parque é o único caminho

Onde posso andar

Sem sanduíches nos bolsos

Nem toscas vontades

Na Imaginação

Sem máquina nenhuma

Que me fotografe o caos

Aqui andando retilíneo

Em meio aos verdes naturais

Esqueço um pouco

Os tortuosos desenganos

Onde sempre me perdi

terça-feira, 17 de maio de 2011

O GRENAL DO GAUCHÃO


GRENAL DO GAUCHÃO

De Isaac Starosta

Hoje estou num acesso de gremismo muito agudo.

Na semana passada o Grêmio tinha ganho o primeiro grenal-decisão do Campeonato Gaúcho em pleno estádio do Inter.

A semana seguinte começou com a sensação de que tudo tinha ficado muito bem para o meu Grêmio, franco favorito para o segundo Grenal, e desta vez com a vantagem de jogar no seu próprio estádio Olímpico. Eis que de repente, não mais que de repente, inverteu-se o escore e o jogo anterior, que era 3X2, vimos transformado em 2X3, contra nós, o que deixou tudo igual e assim a decisão final foi para os pênaltis. Acabamos perdendo na segunda série de pênaltis, e só porque o goleiro do Inter defendeu quatro chutes a gol e o do Grêmio apenas três, foi aí, neste chutinho de diferença que se decidiu um campeonato que tinha sido disputado palmo a palmo por três meses. Será que este pênalti a mais convertido pelo Inter pode ter demonstrado que o time deles é melhor do que o Grêmio? Jamais. Eu, se fosse presidente da FIFA, faria tudo para tirar do regulamento a tal de decisão por pênaltis, pelo simples motivo de que o pênalti não é futebol, é só uma brincadeira de guris que chutam a gol, uns nos outros até que no fim ganha não quem joga melhor, mas quem defendeu mais chutes a gol.

Para mim, um campeonato que terminou empatado em dois jogos, deve determinar um terceiro jogo para a decisão, e, se não se decidir no terceiro jogo, a justiça manda que seja o prêmio e o título atribuído aos dois times, um título e uma taça iguais para cada um.

O maior contra-senso que senti na decisão por pênaltis foi o Inter só ter conseguido ganhar o jogo quando este já havia terminado. Ganhar o campeonato acabou sendo um expediente completamente extra-jogo, foi quase um sorteio, com a carta do jogo tirada da manga do colete.de algum feiticeiro. Não aceito de jeito nenhum tal expediente arbitrário. Ganhar o jogo quando o jogo já havia terminado. Que gracinha.

Na segunda-feira minha filha me liga do Rio muito pesarosa, dizendo:

- Estás muito triste porque o teu time perdeu?

E eu retruquei imediatamente:

- Quem perdeu? O Grêmio? Não, o Grêmio não perdeu a refeição, só perdeu a sobremesa. E a sobremesa era um direito dos dois contendores. Os dois trabalharam igual, almoçaram igual, porém a sobremesa só foi concedida a um dos dois. É justo? Temos que abolir urgentemente a decisão por pênaltis.

E depois, o juiz...

- Olha, minha gente, vamos encerrar por hoje esta lamúria sem pai nem mãe.

Choro de perdedor. Lamúria que não quer mais terminar...

domingo, 8 de maio de 2011

AS SONATAS DE BEETHOVEN


SONATAS PARA PIANO

Isaac Starosta

As sonatas para piano de Beethoven, mesmo sendo obras de difícil execução técnica até para os melhores pianistas, apesar de tudo isto, elas soam familiarmente para os ouvintes. E qual é a causa desta familiaridade? Acredito que seja pelos seus temas bem desenhados, seus ritmos bem marcados, parecem coisa de folclore, de fácil assimilação para o público. Esta, aliás, é uma característica dos grandes artistas, fazer que o seu trabalho, formalmente elaborado, mantenha as raízes populares, e que, assim sendo, a sua poesia natural se transmita e seja assimilável para grande parte das pessoas de uma comunidade. Isto eu verifico em relação às minhas sonatas preferidas: Ao Luar, Waldstein, Hammerklavier, e outras ainda, que todas são boas. Qualquer sonata de Beethoven soa com efeito direto na percepção do ouvinte, é sempre uma preciosidade por conseguir falar diretamente ao coração.

Em conclusão, a minha tese é de que a música das sonatas beethovianas consegue se manter nos programas de recitais por tantos séculos, e, com muita saúde até hoje, não por causa do seu classicismo, mas, pelo contrário, devido à origem popular dos temas e ritmos que ela contém.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

ANIVERSÁRIO


ANIVERSÁRIO

De Isaac Starosta

Hoje é o meu aniversário, neste 28 de abril que eu não comemoro há muitos e muitos anos. Acho até que os adultos não gostam de comemorar porque já estão acostumados a ganhar idade (ganhar?).

Para as crianças é que festa de aniversário soa sempre como a vida jogada de ponta cabeça no ganho de muitos e variados brinquedos mirabolantes.

Só hoje estou lembrando o meu dia, pois faz muito tempo que eu nem lembrava mais. E por que só hoje? Ora, porque hoje é hoje, vinte e oito de abril de dois mil e onze, e nada mais. Convém reconhecer também que nesta data o nosso mundo está mais eletronificado, competitivizado e emburrecido do que nunca.

O que fazer para encontrar o nosso verdadeiro lugar dentro desta confusão? Só tem um jeito possível: transformando toda essa meleca de absurdidades em POESIA.

Ridículos aqueles que pretendem grandes coisas, inclusive governar o mundo. E ridículos são os poetas que teriam muito, o seu mundo ideal, para impor à sociedade, mas que, assim mesmo, ou talvez por causa disto mesmo, foram expulsos da República por Platão.

Aliás, o Talmud diz o seguinte: “O ridículo desonra mais que a desonra”.

Mas desculpem-me vocês, acho que tenho o direito de ser um pouco ridículo, pelo menos no dia do meu aniversário, abraçando, beijando, e dançando efusivamente até mesmo com as pessoas que eu desconheço.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

OTIMISMO



A Páscoa está chegando, e eu não deixaria passar esta ocasião para mostrar o meu poema alusivo à data. O tema que se celebra com tanta festa na Páscoa é o da liberdade. Liberdade para mim, para ti, e para todos os povos que pretendem viver livres de qualquer tipo de opressão. A busca por dias melhores é o anseio mais universal que existe.

PESSACH (Páscoa)

Isaac Starosta

Muitos exílios nos pesam

Na imperiosa luta

Em favor da Liberdade

Canaã nos desperta

Para o sal e o pão ázimo

Com os quais sobrevivemos

Deus é justo ou injusto?

Pelo sim pelo não,

Esta é nossa herança

E nos tornamos valentes

Corremos vales montanhas

Cidades progressistas

Somos uma imagem

Que se procura no mapa

Das grandezas humanas

Entre pirâmides e estrelas

Há muitas maneiras

De viver em paz...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

PESSIMISMO

PESSIMISMO

De Isaac Starosta

Hoje, ao arrumar papéis antigos, me deparei com apontamentos, numa folha de caderno amarrotada e amarelecida, datando de 28/06/1965. Fiquei curioso de saber como é que eu pensava naquele tempo. Na época eu contava uns trinta anos de idade. São frases soltas, não sei se literárias, creio que sirvam mais como documento, como atestado de imaturidade. Ora, se naquele tempo eu pensava imaturamente, agora, com mais idade, estou recém começando a amadurecer. E amadurecer, precisamente, significa reconhecer as próprias imaturidades quando a gente despreza as coisas mais comezinhas por se considerar o dono de uma verdade superior.

Eis as frases:

“Uma geração vai expulsando a outra do próprio convívio. Sem adeus. Sem nada.

A morte viria em equilíbrio, se fosse permanente.

O equilíbrio é bater e rebater cotidianas frustrações.

Desejar é sair da angústia, para o desespero.

A mulher negada é a melhor.

A suprema das mulheres é a morte.

Cada um pensa segundo a sua última experiência

A experiência coletiva se traduz em idéias coercitivas.

O caminho é construir o individual respeitando o coletivo. E não, nunca o contrário.

O homem é uma droga que pensa que pensou confundidamente.”


Fica difícil criticar os próprios pensamentos da gente, mas no caso as idéias que eu criava só me proporcionavam um clima de pessimismo e extravagância. E, ainda mais, eu, e outros jovens daquela época, éramos fanáticos pelo pensamento de Shopenhauer, Nietsche, Marx e Sartre - tudo pensadores que a gente usa com racionalidade demais apenas para ocultar uma falta de cotidianidade e de bom-senso.

sábado, 26 de março de 2011

JOSEPH HAYDN

HAYDN, COMPOSITOR MENOR?

Isaac Starosta

A mim aconteceu de encarar a música de Haydn durante três etapas em minha vida de audiófilo.

Na primeira etapa, minha apreciação de Haydn foi cheia de preconceitos, em grande parte por influência opiniática de curiosos.

Exemplos de preconceitos sobre Haydn:

- ele seria um Mozart metido a Beethoven.

- ele seria um Mozart mais fraco do que Mozart.

- o conjunto da obra de Beethoven, para seus fãs, o torna imbatível na História da Cultura.

Pelo critério dos mozartianos inveterados, Haydn seria um Mozart insuficiente, ou piorado, já que ele não compôs a ópera A Flauta Mágica, nem a Sinfonia Júpiter, ou seja, um classicista apenas bonzinho, eclipsado por Beethoven, e sem chegar aos brilhos melífluos do romantismo que viria depois.

Na segunda etapa, com o correr do tempo, muitos apreciadores de música erudita elevaram seu conceito sobre Haydn, pois de fato ele foi o maior criador de quartetos de cordas e de sinfonias orquestrais de todos os tempos. Tais obras passaram a ser elogiadas como basilares, de valor incontestável, seriam obras-primas indispensáveis ao repertório das orquestras bem como às discotecas dos colecionadores de gravações.

Numa terceira fase, ultimamente, alguns musicólogos descobriram que os quartetos e sinfonias de Haydn são fichinha perto das suas óperas, gravadas pela Philips em CDs, com Antal Dorati na regência, e, mais recentemente de suas Missas completas. Pois as Missas não são lúgubres nem chorosas. São verdadeiras explosões de alegria! E a série de gravações das Missas pela Naxos, em Toronto no Canadá, nos revela a juventude eterna dessas vozes de Coro com solistas, sendo que as próprias entradas da orquestra soam como solos vocais de tão cantábiles que são.

Já há um bom tempo que Haydn é para mim essencial pela delicadeza de suas sonatas, pela espontaneidade supremamente bem arquitetada dos seus quartetos de cordas e das sinfonias também.

E, com a explosão de alegria das missas e das óperas, expressa de forma equilibrada, Haydn, para mim, superou a melancolia de Mozart e o dramatismo por vezes grandiloqüente de Beethoven.

quarta-feira, 2 de março de 2011

CAVALO MARINHO

Terminei o meu Cavalo Marinho. Parece um desenho de aquarela, ou uma lenda bizarra

Uma lenda feita mais de silêncio do que de palavras. Uma lenda que não sei se existe, ou se fui eu quem a inventou.

CAVALO MARINHO

De Isaac Starosta

O que foi feito

Desse cavalo

Tão ágil que

Eu pilotei?!

Beijou a sereia

Dentro das águas

E acabou ilhado

Na praia seca

Cavalo marinho

Olhou o céu

Sumiu no Mar

Sem intenção

E me deixou

A praia infinda

Toda encharcada

De solidão

CAVALO MARINHO

Terminei o meu Cavalo Marinho. Parece um desenho de aquarela, ou uma lenda bizarra

Uma lenda feita mais de silêncio do que de palavras. Uma lenda que não sei se existe, ou se fui eu quem a inventou.

CAVALO MARINHO

De Isaac Starosta

O que foi feito

Desse cavalo

Tão ágil que

Eu pilotei?!

Beijou a sereia

Dentro das águas

E acabou ilhado

Na praia seca

Cavalo marinho

Olhou o céu

Sumiu no Mar

Sem intenção

E me deixou

A praia infinda

Toda encharcada

De solidão

domingo, 20 de fevereiro de 2011

SAÚDE PLENA

Isaac Starosta

Eis os três segredos da saúde plena:

1.Comer a metade do que a gente está

comendo ultimamente

2.Caminhar o dobro do que a gente tem

caminhado, com utilidade ou sem

3.Dar dez vezes mais risadas do que

a gente tem dado; de tragédias o mundo

já anda cheio há muito tempo

ALIMENTAÇÃO

Muitas vezes eu interrompi ótimas leituras, ótimos poemas que eu estava escrevendo, para me demorar em profundas cogitações sobre a arte de bem se alimentar.

Pensar em alimentação é complicado porque comer é a atividade mais natural que existe. Come-se tantas vezes por dia, come-se tão continuamente que se torna difícil você parar de comer para pensar.no que e por que come tal alimento e não outro.

Espero poder expressar as minhas idéias que fui anotando mentalmente, ou por escrito, através da vida. E é plenamente justificável esta constante meditação em torno do alimento. Exemplo: o arroz para os chineses era o alimento dos deuses e a civilização chinesa foi muito consistente e várias vezes milenar; já a civilização dos incas e astecas, que se alimentavam à base de milho, foi menos consistente e mais efêmera.

Portanto se depreende que comendo arroz (integral, de preferência) nós estamos participando da Divindade. Daí que o comer é um ato para ser pensado, repensado e amadurecido.

Eis um tópico muito polêmico que tem entrado nas minhas cogitações: devemos aceitar os alimentos industrializados? Uma resposta possível é que poucas pessoas hoje fazem como a minha mãe que cozinhava dia e noite, uma, para economizar, porque os restaurantes eram muito caros e longe de casa, e outra, para ter certeza da higidez e melhor qualidade dos alimentos. Quero lembrar que, nos seus últimos anos, mamãe já aceitava enlatados e sopa em tabletes para facilitar o andamento do seu trabalho.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

POEMA DO NUNCA



Este pequeno poema é mais um daqueles que eu esqueço dentro de um dos meus caderninhos de bolso. Quando o reencontrei, também foi dentro do ônibus, numa nova viagem ao país da Poesia.

Gosto dele na medida em que é uma nota de viagem, uma simples improvisação que o tempo confirmou:

- Sim, senhor poema, eu lhe conheço de algum lugar...

POEMA DO NUNCA

De Isaac Starosta

Nunca fiz um soneto

Mas tenho sonhos

Às vezes pretos

Nunca vi o Amor

Assim mesmo eu amo

Pelo tato e pela substância

Nunca estive

No campo de batalha

Mas conheço as águas

Mergulho nas águas

Sem saber se vou voltar