quinta-feira, 28 de abril de 2011

ANIVERSÁRIO


ANIVERSÁRIO

De Isaac Starosta

Hoje é o meu aniversário, neste 28 de abril que eu não comemoro há muitos e muitos anos. Acho até que os adultos não gostam de comemorar porque já estão acostumados a ganhar idade (ganhar?).

Para as crianças é que festa de aniversário soa sempre como a vida jogada de ponta cabeça no ganho de muitos e variados brinquedos mirabolantes.

Só hoje estou lembrando o meu dia, pois faz muito tempo que eu nem lembrava mais. E por que só hoje? Ora, porque hoje é hoje, vinte e oito de abril de dois mil e onze, e nada mais. Convém reconhecer também que nesta data o nosso mundo está mais eletronificado, competitivizado e emburrecido do que nunca.

O que fazer para encontrar o nosso verdadeiro lugar dentro desta confusão? Só tem um jeito possível: transformando toda essa meleca de absurdidades em POESIA.

Ridículos aqueles que pretendem grandes coisas, inclusive governar o mundo. E ridículos são os poetas que teriam muito, o seu mundo ideal, para impor à sociedade, mas que, assim mesmo, ou talvez por causa disto mesmo, foram expulsos da República por Platão.

Aliás, o Talmud diz o seguinte: “O ridículo desonra mais que a desonra”.

Mas desculpem-me vocês, acho que tenho o direito de ser um pouco ridículo, pelo menos no dia do meu aniversário, abraçando, beijando, e dançando efusivamente até mesmo com as pessoas que eu desconheço.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

OTIMISMO



A Páscoa está chegando, e eu não deixaria passar esta ocasião para mostrar o meu poema alusivo à data. O tema que se celebra com tanta festa na Páscoa é o da liberdade. Liberdade para mim, para ti, e para todos os povos que pretendem viver livres de qualquer tipo de opressão. A busca por dias melhores é o anseio mais universal que existe.

PESSACH (Páscoa)

Isaac Starosta

Muitos exílios nos pesam

Na imperiosa luta

Em favor da Liberdade

Canaã nos desperta

Para o sal e o pão ázimo

Com os quais sobrevivemos

Deus é justo ou injusto?

Pelo sim pelo não,

Esta é nossa herança

E nos tornamos valentes

Corremos vales montanhas

Cidades progressistas

Somos uma imagem

Que se procura no mapa

Das grandezas humanas

Entre pirâmides e estrelas

Há muitas maneiras

De viver em paz...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

PESSIMISMO

PESSIMISMO

De Isaac Starosta

Hoje, ao arrumar papéis antigos, me deparei com apontamentos, numa folha de caderno amarrotada e amarelecida, datando de 28/06/1965. Fiquei curioso de saber como é que eu pensava naquele tempo. Na época eu contava uns trinta anos de idade. São frases soltas, não sei se literárias, creio que sirvam mais como documento, como atestado de imaturidade. Ora, se naquele tempo eu pensava imaturamente, agora, com mais idade, estou recém começando a amadurecer. E amadurecer, precisamente, significa reconhecer as próprias imaturidades quando a gente despreza as coisas mais comezinhas por se considerar o dono de uma verdade superior.

Eis as frases:

“Uma geração vai expulsando a outra do próprio convívio. Sem adeus. Sem nada.

A morte viria em equilíbrio, se fosse permanente.

O equilíbrio é bater e rebater cotidianas frustrações.

Desejar é sair da angústia, para o desespero.

A mulher negada é a melhor.

A suprema das mulheres é a morte.

Cada um pensa segundo a sua última experiência

A experiência coletiva se traduz em idéias coercitivas.

O caminho é construir o individual respeitando o coletivo. E não, nunca o contrário.

O homem é uma droga que pensa que pensou confundidamente.”


Fica difícil criticar os próprios pensamentos da gente, mas no caso as idéias que eu criava só me proporcionavam um clima de pessimismo e extravagância. E, ainda mais, eu, e outros jovens daquela época, éramos fanáticos pelo pensamento de Shopenhauer, Nietsche, Marx e Sartre - tudo pensadores que a gente usa com racionalidade demais apenas para ocultar uma falta de cotidianidade e de bom-senso.