terça-feira, 17 de maio de 2011

O GRENAL DO GAUCHÃO


GRENAL DO GAUCHÃO

De Isaac Starosta

Hoje estou num acesso de gremismo muito agudo.

Na semana passada o Grêmio tinha ganho o primeiro grenal-decisão do Campeonato Gaúcho em pleno estádio do Inter.

A semana seguinte começou com a sensação de que tudo tinha ficado muito bem para o meu Grêmio, franco favorito para o segundo Grenal, e desta vez com a vantagem de jogar no seu próprio estádio Olímpico. Eis que de repente, não mais que de repente, inverteu-se o escore e o jogo anterior, que era 3X2, vimos transformado em 2X3, contra nós, o que deixou tudo igual e assim a decisão final foi para os pênaltis. Acabamos perdendo na segunda série de pênaltis, e só porque o goleiro do Inter defendeu quatro chutes a gol e o do Grêmio apenas três, foi aí, neste chutinho de diferença que se decidiu um campeonato que tinha sido disputado palmo a palmo por três meses. Será que este pênalti a mais convertido pelo Inter pode ter demonstrado que o time deles é melhor do que o Grêmio? Jamais. Eu, se fosse presidente da FIFA, faria tudo para tirar do regulamento a tal de decisão por pênaltis, pelo simples motivo de que o pênalti não é futebol, é só uma brincadeira de guris que chutam a gol, uns nos outros até que no fim ganha não quem joga melhor, mas quem defendeu mais chutes a gol.

Para mim, um campeonato que terminou empatado em dois jogos, deve determinar um terceiro jogo para a decisão, e, se não se decidir no terceiro jogo, a justiça manda que seja o prêmio e o título atribuído aos dois times, um título e uma taça iguais para cada um.

O maior contra-senso que senti na decisão por pênaltis foi o Inter só ter conseguido ganhar o jogo quando este já havia terminado. Ganhar o campeonato acabou sendo um expediente completamente extra-jogo, foi quase um sorteio, com a carta do jogo tirada da manga do colete.de algum feiticeiro. Não aceito de jeito nenhum tal expediente arbitrário. Ganhar o jogo quando o jogo já havia terminado. Que gracinha.

Na segunda-feira minha filha me liga do Rio muito pesarosa, dizendo:

- Estás muito triste porque o teu time perdeu?

E eu retruquei imediatamente:

- Quem perdeu? O Grêmio? Não, o Grêmio não perdeu a refeição, só perdeu a sobremesa. E a sobremesa era um direito dos dois contendores. Os dois trabalharam igual, almoçaram igual, porém a sobremesa só foi concedida a um dos dois. É justo? Temos que abolir urgentemente a decisão por pênaltis.

E depois, o juiz...

- Olha, minha gente, vamos encerrar por hoje esta lamúria sem pai nem mãe.

Choro de perdedor. Lamúria que não quer mais terminar...

domingo, 8 de maio de 2011

AS SONATAS DE BEETHOVEN


SONATAS PARA PIANO

Isaac Starosta

As sonatas para piano de Beethoven, mesmo sendo obras de difícil execução técnica até para os melhores pianistas, apesar de tudo isto, elas soam familiarmente para os ouvintes. E qual é a causa desta familiaridade? Acredito que seja pelos seus temas bem desenhados, seus ritmos bem marcados, parecem coisa de folclore, de fácil assimilação para o público. Esta, aliás, é uma característica dos grandes artistas, fazer que o seu trabalho, formalmente elaborado, mantenha as raízes populares, e que, assim sendo, a sua poesia natural se transmita e seja assimilável para grande parte das pessoas de uma comunidade. Isto eu verifico em relação às minhas sonatas preferidas: Ao Luar, Waldstein, Hammerklavier, e outras ainda, que todas são boas. Qualquer sonata de Beethoven soa com efeito direto na percepção do ouvinte, é sempre uma preciosidade por conseguir falar diretamente ao coração.

Em conclusão, a minha tese é de que a música das sonatas beethovianas consegue se manter nos programas de recitais por tantos séculos, e, com muita saúde até hoje, não por causa do seu classicismo, mas, pelo contrário, devido à origem popular dos temas e ritmos que ela contém.