segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

PAPAI DO CÉU




Este texto eu escrevi pensando na autoridade de um pai,
que pode ser o meu pai de quem eu sempre quis negar a existência ou do teu pai com quem sempre fizeste o mesmo
pois todos os pais se reduzem a um único Papai do Céu do
qual vivemos discutindo a validade
  


PAPAI  DO  CÉU


O fato é que Deus devia estar muito maluco
quando nos criou este mundo
Podia ter feito pior mas podia ter feito melhor
Também
Então Deus resolveu na pura brincadeira que
tudo estava muito bem feito do jeito que Ele fez
E com a consciência mais tranqüila possível
Voltou para o Céu e ficou dormindo eternamente 
Com o que nos deixou aqui na Terra
nós os protestantes nem certos nem errados
clamando o tempo todo por Justiça
que nunca sabemos exatamente
o que é ou virá a ser
Vamos rir ou vamos chorar?
É assim
O único legado que Deus nos deixou
Além de tudo que não presta
Foi esta Grande Dúvida que nos persegue
sobre a grande obra
que Ele nunca chegou a completar

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

POR QUE? POR QUE?





Um tema tem sido o dos meus mais recentes poemas, um tema essencial, indispensável a quem sofre a condição humana, indispensável, creio a todos nós: o tema da solidão.     



Por que? Por que?

                       Isaac Starosta

Por que será esta minha vida
Tão cheia de percalços
Fazendo-me assim tão íngreme
Para mim mesmo?

Por que será que ao me ver
De cima da alma centenária
Vejo mil anos confusos
De dispersão pelo mundo?

Por que será minha vida
Que caíste fulminada
Enquanto outros continuaram
Fazendo milhões  de coisas?

Por que será que estou sempre
Na contra-mão quando parece
Tão fácil fazer tudo
Como os outros fazem?!

Em meu redor todo mundo
Pede estendendo as mãos
Suplicam o  pão da vergonha
 - Um pouquinho mais de sorte!

- Sorte nada – eu lhes respondo –
Sorte eu tenho até demais
De poder respirar ainda
Por mais algum tempo

Quando todos os outros
Só respiram novamente
Quando peço que retornem
Vivos à minha presença! 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O POETA




Nota do autor para o poema O POETA publicado em ZH na sexta feira  3 de fevereiro de 2012:

“sei que o meu poema está simplesinho, ele faz parte de uma série que se dedica ao tema da Solidão, e, como muitas pessoas responderam ao apelo de quem se sente só, dá para pensar que a Solidão é muito mais acompanhada do que parece”




O    POETA

            De Isaac Starosta



Lá vai o poeta
Levando consigo
Seu mundo maior

Se ele é bom ou genial?
Seja ele como for
Teimosia não lhe falta

Sozinho ou mal-acompanhado
Ele vai por aí andando
A seco ou a nado

Só se acompanha
Do seu próprio fado  




quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

BRINCANDO


Gostaria de apresentar um poema recente que apresentei ontem à noite a um simpático poeta, amigo de muitas viagens curiosas pelos países paralelos de nossas vidas pontilhadas de acontecimentos que se desenrolam, melhor ou piormente, em função da Poesia. O nome do poeta amigo meu é Carlos Saldanha Legendre e, durante nosso encontro no Shopping vacilei um pouco porém apresentei um de meus mais recentes poemas a ele. Eu com medo de apresentar o poema por causa da brevidade e das idéías diretas, quase prosaicas do mesmo, e apresentar logo a um colega que sempre primou pela forma esplendorosa, pela sonoridade e a métrica perfeita.

Imaginem a minha surpresa quando o Legendre constatou após escutar o meu poema:

-Starosta ele me qualificou – tu conquistaste uma das coisas mais raras de se encontrar num texto poético: A SIMPLICIDADE.

Agora chega de papo, e deixa o poema se defender por si:

BRINCANDO...

De Isaac Starosta

Brincando com palavras

Sofro até demais

As culpas de consciência

Mas as palavras são mais

Do que meras palavras

São transplantes de Poesia

São territórios onde eu vou

Refrescar minhas mágoas

E voltar àquele meu ser

Que sempre fui e ainda sou!