segunda-feira, 18 de abril de 2011

PESSIMISMO

PESSIMISMO

De Isaac Starosta

Hoje, ao arrumar papéis antigos, me deparei com apontamentos, numa folha de caderno amarrotada e amarelecida, datando de 28/06/1965. Fiquei curioso de saber como é que eu pensava naquele tempo. Na época eu contava uns trinta anos de idade. São frases soltas, não sei se literárias, creio que sirvam mais como documento, como atestado de imaturidade. Ora, se naquele tempo eu pensava imaturamente, agora, com mais idade, estou recém começando a amadurecer. E amadurecer, precisamente, significa reconhecer as próprias imaturidades quando a gente despreza as coisas mais comezinhas por se considerar o dono de uma verdade superior.

Eis as frases:

“Uma geração vai expulsando a outra do próprio convívio. Sem adeus. Sem nada.

A morte viria em equilíbrio, se fosse permanente.

O equilíbrio é bater e rebater cotidianas frustrações.

Desejar é sair da angústia, para o desespero.

A mulher negada é a melhor.

A suprema das mulheres é a morte.

Cada um pensa segundo a sua última experiência

A experiência coletiva se traduz em idéias coercitivas.

O caminho é construir o individual respeitando o coletivo. E não, nunca o contrário.

O homem é uma droga que pensa que pensou confundidamente.”


Fica difícil criticar os próprios pensamentos da gente, mas no caso as idéias que eu criava só me proporcionavam um clima de pessimismo e extravagância. E, ainda mais, eu, e outros jovens daquela época, éramos fanáticos pelo pensamento de Shopenhauer, Nietsche, Marx e Sartre - tudo pensadores que a gente usa com racionalidade demais apenas para ocultar uma falta de cotidianidade e de bom-senso.

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