quarta-feira, 13 de outubro de 2010

PINGOS E RESPINGOS (II)



PINGOS E RESPINGOS (II)

1.

Uma sobrinha me conta que, certa vez, perguntou ao seu avô qual era a história da vida dele. E vovô respondeu: - Não vale a pena contar para você o que seria uma história muito triste. Aí então eu lembrei que à minha mãe, poucos meses antes de morrer, pedi que me contasse algo de sua história e ela respondeu que não teria o que contar, ou seja, não deu nenhuma resposta. Aí pude ver que isto se aplica às eleições também. O candidato que se recusa a contar suas tristezas acaba por fingir quase tudo. E o escritor Álvaro Moreira uma vez publicou o seu livro de maior sucesso, que se chamava exatamente como este assunto que estamos conversando: “As Amargas não”. O que concluo, hoje, é que o livro apesar de ser bom teria ficado melhor ainda se o Álvaro tivesse contado as tristezas também. Pois toda vez que pretendermos bloquear as coisas tristes vamos acabar bloqueando as alegres também.

2. O Ato de Votar

A votação antigamente era mais genital, a gente enfiava uma cédula dentro da urna, agora tudo se resume em apertar um botão, para que tanta delicadeza?!

3. Partidos

Só existem para negar uns aos outros.

Eu, particularmente, sempre achei difícil pertencer a um partido, a uma manada de crentes, e a um batalhão militar.

Assim mesmo, nunca nos esqueçamos de que existe o mal menor. Nada pode justificar uma abstenção.

4. E os Candidatos?

Os candidatos mentem.

Já deviam ter gasto todas as suas mentiras no Primeiro Turno. Mas continuam mentindo.

O que é comunista se disfarça de terceiro-mundista.

O apátrida se esforça em passar por nacionalista.

Vira e mexe, vamos ter um stalinismo paz e amor.

E um reformismo mel-com-cerejas.

Todos eles se disfarçam para poderem vencer.a eleição. Mas qual vitória conseguirá disfarçar a fragilidade de uma vida que se perde em ambições inconfessáveis?!

No fim de tudo, caros amigos, volto a insistir que é preciso escolher o mal menor. Eis um recurso legítimo que a gente usa para não se entregar ao niilismo.

Gosto dos verdes, tanto nos jardins como na Política.

Gosto dos democratas ao máximo, embora seja muito difícil encontrar algum cem por cento.

5. O Mal Menor

Dentro do princípio do mal menor, vou votar em...

Não digo o nome porque não sou propagandista de ninguém. Porém posso dar umas pistas:

Vou votar em quem for mais culto(a), mais civilizado(a), menos fanático(a) e menos teleguiado(a).

6. Um Poema

Estou com um projeto de poema que deve se chamar “Eleição”. Está apenas em esboço.

Dou apenas um trecho:

“Se os candidatos mentem

Para quê cobrar que sejam verdadeiros?

Só para eles se obrigarem a mentir que

Não estão mentindo?!

Se eu gosto dos verdes e dos azuis,

Vou votar num tucano

Com cabeça de avestruz!”

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