domingo, 26 de dezembro de 2010

CRONICA DE ANO - NOVO


CRÔNICA DE ANO-NOVO

Isaac Starosta

Já foi costume se dizer “ano-novo, vida nova”, mas hoje eu não exijo nada de novo da minha vida, basta continuar a viver, para amar, para ver os filhos melhorando de vida, para ver o Grêmio em Dubai sem fazer fiasco. Basta continuar, o mais do mesmo. Deus já me deu muito mais do que eu esperava.

Mas a sabedoria não tem limites. Se estou vivo, é pelo que ainda não sei.

A mudança de ano é uma novidade que vai passar num instante. Logo o novo ano vai nos dizer que está ficando velho. E nós vamos passar pelos mesmos lugares, cada dia igual, cada sensação igual, e quando alguém morrer, vamos repetir o mesmo adágio “que bom que não fui eu”.

Viver é uma doença, é sim, mas uma doença que traz em si a própria cura. Os cabelos vão ficando brancos. As idéias vão ficando brancas. E a gente ama cada vez como se fosse a última.

Quando estamos num restaurante estilo francês praiano, onde a gente come uma vez por ano, cadeiras na calçada, noite de praia, brisa do mar, é quando a gente comenta um para o outro: é a melhor coisa que eu já comi. O que se come só uma vez pode ser melhor do que tudo. Melhor do que o nome, melhor do que a fama, melhor do que o Prêmio Nobel.

As coisas são boas. As coisas superam nossos planos. São coisas, apesar de indefiníveis, e quando elas se repetem e vão ficando crônicas, elas admitem pelo menos uma crônica como esta.


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