quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

EUREKA



Eureka, gente minha querida.

Eu fiquei deveras contente, além de radiante e exultante também - chega de adjetivos? Tudo só porque um leitor deste blog, o Marco, que me conhece da loja de discos do Ivan, pediu, em comentário, que eu falasse doravante sobre a Música Erudita. (abro parêntese para pedir que cada leitor deste blog me lance os assuntos sobre os quais gostaria que eu discorresse, tal como o Marco está fazendo agora).

Começaremos falando em Cesar Franck, que nasceu em Liège, Bélgica, e viveu em Paris, França. Por isso os entendidos o consideram um compositor franco-belga, e assim também o violinista a quem C.Franck dedicou sua sonata em Lá Maior para violino e piano: Eugene Ysaye.

Por falar nisso, não sei se sou mais ligado aos parentes ou aos parêntesis. (Tudo começou com a minha irmã, Annita, a quem vai aqui um preito de gratidão. É que minha irmã foi a chave principal para a minha inserção na música erudita. Dia e noite ela tocava piano. Tocava com sinceridade, sensibilidade, sentimento e, principalmente, com autoridade. Sendo que, entre os pianistas amadores, o que se nota em geral é, pelo contrário, vacilação, falta de dedos, muitas vezes falta de alma também. Minha irmã, além do mais, tinha gosto, interpretação e paixão, não sei como conseguia se transfigurar espiritualmente e tocar obras maiúsculas de Chopin, Lizst e Schuman. O que lhe faltou foi ultrapassar os vinte anos com a mesma aura pianística que a tinha motivado na infância e na adolescência. A idade adulta pode ser, às vezes, a maior inimiga de uma vocação artística).

Posto isso, voltando ao nosso assunto, penso que Cesar .Franck tem obras importantes para órgão (ele foi organista profissional), para piano solo, piano e orquestra, uma Sinfonia monumental em Re, e música de câmara de alto nível Acredito, porém, que a sua obra de maior aceitação é a sonata em La para violino e piano. Aqui em Porto Alegre, tal obra foi apresentada em concurso para professor de violino no Instituto de Artes. Tão grande tem sido o sucesso da sonata que, coisa rara, ela chegou a ser transcrita para cello, flauta, viola e outros instrumentos.

Como o destino das grandes músicas é encontrar os grandes executantes, esta sonata magnífica chegou às mãos do grande violinista Eugene Ysaye, que a estreiou, em 16/12/1886, com Madame Bordes-Térne ao piano. Aliás, além de Franck, Ysaye foi impulsionador de Saint-Saens, Chausson, Lekeu, Gabriel Fauré, do lado francês. Paralelamente, o violino romântico alemão foi impulsionado pelo grande violinista judeu-alemão Joseph Joachim, que lançou as obras de Brahms.

Convém notar que numa das primeiras vezes em que Ysaye executou a sonata foi a pedido da Sociedade de Música Moderna de Paris.

Quanto às gravações, pesquisei e encontrei o seguinte:

1. De acordo com “The Book of the Violin” (Dominic Gill, Phaidon Press, 1984, p. 143), a melhor é a de KYUNG – WHA CHUNG, com Radu Lupu ao piano.

2. O mesmo livro cita gravações mais antigas, como as de Jacques Thibaud/Alfred Cortot, e Yehudi Menuhin com sua irmã Hephzibah ao piano.

3. Parece incrível, passados 25 anos, consulto o Penguin Guide, e a melhor gravação desta sonata continua sendo a dupla CHUNG/LUPU (só não sei se este CD ainda se encontra disponível em algum lugar.

4. O Penguin fala também de uma gravação da sonata de C.Franck, reeditada pela DG (Deutsch Gramophon), com uma dupla polonesa: Kaja Dancrowska no violino e Krystian Zimerman no piano, interpretação dramática, fogosa e firme de linhas.

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