quinta-feira, 2 de junho de 2011

CAMINHANDO PELO PARQUE



Hoje acordei bem cedo, com vontade de escrever e caminhar.

Saí então de casa, com uma cadernetinha na mão, para anotar tudo o que rolasse de uma caminhada sem fim.

Gremismo (II)

Estou numa recaída de Gremismo agudo.

O Grêmio ia super bem. Com o Renato de técnico, era franco favorito para o título do Gauchão. Não sei se foi salto alto, só sei que de repente entornou o caldo, pois o favoritismo sempre é perigoso, muita presunção, torcedores cantando vitória nas estações de rádio e jornal, brigas de microfone, dirigentes denunciando irregularidades, declarando de tudo e logo depois proibindo novas declarações. E o Grêmio cantado e decantado em prosa e verso até que, alegria em casa de pobre dura pouco, perdemos em cinco minutos, nos pênaltis, todos os pontos acumulados durante meses.

O pior é que eu tenho tido uma vocação congênita para perdedor. Nas décadas de 40/50, quando eu era ainda um menino, o Grêmio perdia sistematicamente para o Rolo Compressor do Inter. Não sei por que, mas eu adquiri, desde aquele tempo, uma simpatia irresistível pelo perdedor. É que o perdedor sempre renova as esperanças de melhorar, jogando, perdendo, jogando de novo, afinal não vai perder sempre, vai que um dia.

O Grêmio perdia, perdia, porém um dia, somando a minha fé com a de outros torcedores, é bom que nem se saiba quando, um dia o Grêmio haverá de se levantar.

Agora voltando a caminhar, estamos chegando no Parcão, que uma vez foi a sede do grêmio, no Estádio da Baixada, vemos assim como tudo se liga, caminhando pelo Parque, além dos benefícios físicos e mentais, estou um pouco voltando à infância neste belíssimo recanto de canários, patos, tartarugas e gente linda, como convém a qualquer parque que se preze.

CAMINHANDO PELO PARQUE

Isaac Starosta

Andando pelo Parque

Desisto de ser um filho rebelde

E em compensação desisto

Também de ter um pai

Muito rigoroso

O Parque é o único caminho

Que me leva a um hoje sempre

De todos e de ninguém

O Parque é o único caminho

Onde posso andar

Sem sanduíches nos bolsos

Nem toscas vontades

Na Imaginação

Sem máquina nenhuma

Que me fotografe o caos

Aqui andando retilíneo

Em meio aos verdes naturais

Esqueço um pouco

Os tortuosos desenganos

Onde sempre me perdi

Um comentário:

  1. Querrrrrrido,
    faz um tempo que não ando por aqui, a visitar vc e o Parque.
    Vc me fez gostar da dor(da dor). Tb mto das Ridiculâncias.
    Saudades mil, meu poeta-sogrijo.
    Loulou

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