quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

MELVILLE


Quando o pensamento de Melville (citado por Vila-Matas na sua obra “Bartleby & Cia”) elogia o ser humano por ser capaz de metamorfosear-se, lembra-me imediatamente uma das maiores revelações das minhas leituras: Kafka, em “A Metamorfose”, transformando-se numa barata para escandalizar os seus acomodados parentes.

Até quando não provocamos escândalo nenhum, estamos provocando também, porque o nosso silêncio estará desafiando o tempo todo àqueles barulhentos que não cessam de ovacionar os ídolos de barro que estão na moda.

Cito agora, textualmente, o pensamento de Melville, conforme traduzido por Vila-Matas:

“Melville, en The Confidence Man, transmite una clara admiración hacia el ser humano que puede metamorfosearse en múltiplas identidades”

Baseado nesta metamorfose melvilleana, apresento o meu próprio exemplo de como me aconteceu de mudar constantemente de atividades profissionais.

Assim, a publicação da 2ª edição de “Porto dos Casados” (Ed. Ática, 1979), meu primeiro romance e Prêmio Nacional, motivou que eu me desligasse um tanto do fazer literário, pois já havia conquistado o Grande Prêmio que eu queria, e que, de certa forma, tinha me convencido de que eu já era alguém.

Simultaneamente, eu já constituía nova família, novas bocas para sustentar, e nada melhor então do que confiar no meu velho ofício de Periodontista, para me integrar ao departamento preferido, dentro da minha diplomação de Dentista. Além disto, um tempo depois eu ainda me reintegrava numa velha ambição: a de tocar violino.

E o meu segundo romance aos poucos foi sendo escrito durante os últimos quinze anos, e, quanto mais pronto ele me parece, mais eu encontro como necessárias, novas e novas revisões. Até hoje.

Outra coisa que nunca cessei de fazer, foi os poemas, são a água que bebo desde a mais recuadíssima infância. Fui poeta infantil nato, daí passei a ser estudante de Química, de Filosofia, depois dentista profissional. E, além do mais, pretendi melhorar a minha Literatura, e o conhecimento literário em geral, através de fazer uma Faculdade de Letras, que é mais uma das buscas na minha eterna adolescência.

Recapitulando: fui escritor, poeta, violinista, periodontista, e ainda, antes que eu me esqueça, estudante de Letras.

E, convenhamos, quem me dá uma baita força é Melville, quando elogia fervorosamente aquele ser humano capaz de metamorfosear-se.

Assim acontece na vida, quando me transformo nas mais diversas identidades, em busca de alcançar UMA COISA SÓ, que talvez nem exista.

Uma das minhas maiores preocupações atualmente é estar gostando muito, muitíssimo de escrever para este meu blog “Tavesseiro de Idéias”, estou sentindo como essencial esta comunicação, mas, ao mesmo tempo eu gostaria de maior interatividade com os leitores.

Daí eu peço, encarecidamente, que os leitores se posicionem a respeito de minhas idéias, e de como posso fazer para melhorar e tornar mais interessantes os meus textos.

Obrigado.

Um comentário:

  1. Ola "Seu" Isaac
    Aqui é o Marco, rato de discos da lojinha do Ivan. Bela surpresa encontrar seu Blog e conhecer um pouco de seus escritos. Aproveitaria para pedir, ou melhor, sugerir: indique discos, mas obras desconhecidas, pelo menos deste mortal que neste momento escreve escutando uma música linda que nunca tinha ouvido falar...Sonata para violino e piano de Cesar Franck...Magnifica! O meu blog está vazio - ainda - portanto não repare! Saudações!

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