sábado, 22 de maio de 2010

A CULPA É DO GOVERNO

Ontem eu e a Silvia assistimos a um debate sobre Política. Um dos debatedores, Contardo Caligaris, comentou o ditado muito comum entre a população de que “a culpa é do Governo”. Chegou-se à conclusão de que sempre é mais fácil atribuir a outrem as nossas culpas, aliviando assim o peso da responsabilidade que recai sobre as nossas costas. Na realidade, só eu posso conhecer a mim mesmo e só eu posso tomar decisões e levar à prática as minhas decisões. E até podemos estabelecer uma condição, de que se cada um cuidasse da sua parte não haveria Governo ruim; parece uma coisa acaciana mas nem por isso deixa de ser uma verdade.

Fiquei também compreendendo, através de Caligaris, que o Nazismo, e o seu ato principal de cometer o maior genocídio da História só foi possível porque, pela preguiça de pensar, as pessoas adotam, e adotam cegamente, os lemas racistas, fanáticos e mais absurdos que se possa imaginar, de um ditador megalomaníaco.

Segundo Luc-Ferry, que falou no bloco seguinte, nós temos tendência de voltar ao Passado, pela nostalgia, e também de confiarmos nas utopias, pela esperança de dias melhores para o Futuro, enquanto que só o AMOR pode resolver AGORA os nossos problemas, e que entre as outras instâncias na busca da felicidade, temos a Filosofia que muito tem se perdido em abstrações, e a Religião que nos tem levado inúmeras vezes ao fanatismo e às guerras religiosas.

Depois, em casa, minha esposa encareceu a necessidade de se apelar, por nossa parte e de muitos mais indivíduos, que os governos e os candidatos a governantes deixem de valorizar tanto Suas Majestades o Petróleo e a Energia Nuclear, e partam decididamente para a obtenção e o desenvolvimento de formas de energia mais limpas.

Eu, por minha vez, insisti, após ter lido na revista Piauí um artigo sobre Ipanema, no Rio de Janeiro, que esse bairro tornou-se tão interessante rico e multicolorido, comparável talvez a Manhattan e a Montparnasse, em grande parte devido ao movimento da Bossa Nova e à cultura do Pasquim, que projetaram Ipanema e trouxeram não só turistas como moradores e investidores do mundo inteiro. Tudo isto só aconteceu por causa de um movimento cultural do porte da Bossa Nova, e da iniciativa de grandes poetas-músicos como Tom e Vinicius. Daí a importância das lutas culturais e artísticas que desenvolvem as aptidões dos indivíduos e ainda promovem o prazer da Cultura que pode perfeitamente substituir a tragédia das guerras.

Nós, escritores, jornalistas e artistas, precisamos nos arregimentar para uma Política Cultural que apóie os VALORES legítimos e não só, como tem acontecido até agora, o Consumo, e consumo dirigido, de livros, filmes e discos.

Isaac Starosta

2 comentários:

  1. Eu concordo plenamente com as afirmações acima, porém, todos sabemos que não é do interesse dos políticos que o povo fique mais inteligente, ou mais esclarecido culturalmente, porque aí não votarão mais no Lula e na Dilma, por exemplo...
    A nossa triste realidade mostra que os preços sobem diariamente, e nossa capacidade aquisitiva diminui cada vez mais. Para quem trabalha, a única chance é conseguir um emprego melhor, mas se o país não tem progresso econônimco, como vai gerar novos empregos?
    Infelizmente, sou jovem, porém não vejo boas perspectivas para o nosso Brasil, porque cada vez mais andamos em um "labirinto", sem achar soluções para a nossa crise, ou a do nosso povo, já há muito tempo tão sofrido.
    Xandi.

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  2. Pois é, isso é um problema conjuntural cultural. Não acredito francamente que isso possa ter qualquer solução a curto ou médio prazo. É mais ou menos como o problema da destruição do planeta. Seria preciso reverter muita coisa e a gente olha em volta e não vê as pessoas dispostas a isso. Parecem que ligaram o botão e só andam prá frente, robotizadas, só andando prá frente.
    Nesse sentido, sou um pessimista assumido. Acho que a tendência é sempre piorar. Pelo menos é o que tenbo vistos nos meus quase 50 anos de vida.
    Abs
    Amilcar

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