quinta-feira, 6 de maio de 2010

ESCADA ROLANTE

MINHA ESCADA ROLANTE

Tenho, já faz muito tempo, a intenção de escrever poema sobre a escada rolante, não tanto sobre o que esta é, mas sobre o que parece ser. E um poema das aparências, isto é, sensorial, torna-se mais difícil de escrever.

Por insólito que fosse o tema, no meu primeiro livro, de edição já esgotada e que se chama Poemas ao Portador, eu incluí minha tentativa de poema que se chama precisamente Escada Rolante.

Agora, nos últimos meses, resolvi quebrar o poema em pedaços e depois soldá-los como se pudessem operar uma solda autógena. Imaginem, pois, que a gente pegasse um Chevrolet Opala ano 1970 e o refundisse com um Toyota de última geração. Poderá dar certo?

Aí é que entra a vantagem da Poesia sobre as Artes Industriais. É que na Arte Poética a gente sempre pode desmontar e retrabalhar o mesmo produto, enquanto que na Indústria é meio impossível desmontar para depois fazer outra coisa, ou seja, transformar as mesmas peças.em outra coisa.

Voltando a folhear Poemas ao Portador, sempre considerei Escada Rolante um bom poema, e deixá-lo como está, por não ter em que mudá-lo, tem sido uma conclusão imediata.

Porém só hoje eu sei que a minha ponta de descontentamento, é por eu não ter trabalhado suficientemente o poema, ainda faltava lubrificar e apertar aqui e ali os parafusos. Só hoje sei que eu começava e realizava cada poema em minutos, parece que era Deus quem botava os poemas e os chocava por mim. Às vezes os poemas-minuto davam certo, porém outras vezes ficava faltando alguma coisa. Por isso é que eu constato: geralmente a facilidade dá mais erros do que acertos.

Espero ter encontrado uma forma, se não definitiva, quase.

ESCADA ROLANTE ( Versão nova, de 2010 )

De Isaac Starosta

A escada rolante

Sobe ou desce

Em vôo rasante

Trenó da alegria

Parece que todos

Ganharam na Loteria

Desfilam canções

Elisabetanas

Ingênuas

Brincando de roda

Tropicam de repente

Num patamar provisório

E a esteira de aço

Prossegue em órbita

Sem nenhum cansaço

ESCADA ROLANTE ( Versão antiga, de 1972

A escada rolante

subindo e descendo

seu destino desde

a eternidade.

Dado instante

ficamos num patamar.

entregues, provisórios.

A esteira de aço

prossegue em órbita

solene

pelo espaço.

Sobe-desce a viagem

que sonhamos

desde a eternidade:

sem nenhum cansaço

P.S. Eu gostaria muito que alguém, ou alguéns, comentasse(m) se o meu poema novo, de 2010, melhorou, ficou na mesma, ou piorou em comparação com a versão antiga.

Obrigado pelas considerações a respeito.

Um comentário:

  1. Escada rolante....
    Gostei muito da expressividade do poema, me senti como se eu estivesse realmente subindo de um andar para o outro, no shopping, utilizando este meio de locomoção.
    Eu acredito que a versão antiga do poema tem uma linguagem mais filosófica, e por isto, mais profundidade de idéias. Já a versão atual é mais direta, e nos faz ter uma viagem virtual pela escada rolante. A conclusão que eu chego é que as duas versões são muito boas, porém totalmente diferentes. Parabéns!
    Xandi.

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