"INTRODUÇÃO"
Seguidamente
faço descobertas com muita alegria. Assim, um dia desses, eu me deparei com uma
gravação antiga, e raríssima, no campo do Long Play. Porém em nenhum cantinho
da mesma consegui captar o ano de sua edição.
O disco em referência faz parte dos primeiros lançamentos da Gravadora Mocambo, de José Rozenblit, em Recife, Pernambuco. Era uma “Introdução” que visava a
divulgar a Bossa Nova, deve ter surgido lá entre as décadas de 1950-60 e até
agora não mereceu nenhuma referência no Google nem na imprensa musical.
A Fábrica
Rozenblit, que nem existe mais, pertenceu a uma
família judia, ao que tudo indica de imigrantes da primeira metade do século XX, tal como aconteceu com uma família mais antiga, a dos Figner, que introduziram a marca Odeon no
Rio de Janeiro. E assim aconteceu com as fábricas de automóveis Mercedes Benz na
Alemanha e General Motors nos Estados Unidos, iniciadas por judeus que, em condições adversas, de imigrantes, tiveram de desenvolver ao máximo a própria criatividade para garantir a sobrevivência melhorando de vida continuamente.
Mas voltando
ao nosso LP, ele possui na capa um letreiro de sílabas separadas assim: "In-tro-DUÇÃO", algumas letras em preto outras em branco, ao fundo perfis de
edifícios modernos, e algumas notas musicais. Na parte inferior da capa, uma
lista em vermelho destaca a imagem de uma figura juvenil onde, em letras brancas, está escrito “Teenager Series”, curiosa referência ao que seria a Jovem Guarda dos adolescentes daquela época que começavam a despontar na cultura de massa brasileira.
Acrescento mais dados técnicos do disco:
Produção -
Bernardo Sonderman
Direção
artística - Djalma Cavalcante
Técnica de
som - Julio Anidez
Capa –
André
Entre as faixas
do disco, aponto as músicas muito bem sucedidas para uma incipiente Bossa Nova:
- “Onde
está você”, de Oscar Castro Neves, por Patrícia.
- “Morte
de um Deus de Sal”, de Menescal e Bôscoli, pelo conjunto Impulso 4.
- “Maria
Moita”, de Carlos Lyra, por Silvinha (suponho que seja a Silvinha Telles)
- “A Felicidade”,
de A. C. Jobim e Vinicius, pelo Quinteto Berimbossa.
Segundo o
autor do texto da capa, “IINTRODUÇÃO é
mais uma afirmação de que nestes últimos anos os temas de ‘bossa’ atingem uma
força popular que há muito não se via, consequência lógica da nova forma
rítmica e criadora que se imprime à música popular brasileira”.
Lembro
ainda que por essa mesma época, aconteceu, num clube judaico de Copacabana, a
primeira apresentação coletiva de bossa nova, a qual foi organizada por um
grupo de profissionais-liberais da coletividade. Do recital fizeram parte,
entre outros, Silvinha Telles, Carlos Lyra, Menescal, e assim por diante.
Se alguém
tiver como contribuir com novos dados para esta minha pesquisa, gostaria de
sugerir os seguintes temas:
‘ “A influência dos judeus na Bossa
Nova”;
“A
História da Gravadora Mocambo, da Família Rozenblit, em Recife”.