terça-feira, 25 de outubro de 2011

UM POEMA DE AMOR

Uma das coisas mais complicadas, além de amar, é escrever um poema de amor. Assim mesmo eu aceito o desafio, e a incumbência de colocar uma coisa tão volátil como o amor, na fixidez, na linha militar dessas palavras que desfilam. Eis o poema:

N O L A B I R I N T O

Isaac Starosta

Eu te amo

Neste labirinto


Eu te amo

Abrindo janelas

Para me olhares

Mais de perto

E gostares

De mim também

Eu te amo

Nesta brisa que sacode

A corda de secar

No teu riso franco

Em tuas frases curtas

E nesta marola de dúvidas

A certeza de que

Tu sendo

Ou não sendo minha

Eu te ame

Sempre por igual

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

MÚSICA DE POULENC


Hoje estou escutando música de câmara de François Poulenc para piano e sopros, com o pianista e regente James Levine.

A música flui radiosa, colorida, insinuante em timbres sensuais infindáveis. Esta música está me dando suma alegria e felicidade no decorrer da paisagem comum de um dia igual aos outros. Só a música, nada como a música para elevar o ânimo da gente!

Fico até com pena deste Cd que vai desaparecer como todos os CDs que entram em moda e logo são deslocados pelos que vem vindo em lançamentos logo ali adiante.

Mas o milagre do disco não está só no lançamento, o milagre está justamente em perpetuar, em renovar cada vez a escuta daquelas frases musicais que nos foram tão agradável desde os primeiros contatos. Este Cd de James Levine, com os seus companheiros de sopros, eu reescuto há muitos anos, principalmente o Trio, a Sonata para flauta e piano, e o sensacional Sexteto que vem como última obra do disco.

Este Cd de Levine para a Deutsche Gramophon, eu o comprei por acaso e depois nunca mais, por acaso nenhum, cheguei a vê-lo em alguma loja. Hoje estou procurando saber sobre ele mais informações através dos meus guias anuais de discos, seja o Penguin, o Gramophone, ambos ingleses, ou o Diapasón francês, e nada de encontrar, não vejo em tais guias, maçudos e sábios, nem uma só palavra que se refira minimamente à gravação de Jaques Levine e companheiros.

Será que nós dois, eu e o disco juntos, vamos continuar sozinhos pelo resto da vida?!

Acho até muito estranho isto de que os meios de comunicação raramente digam alguma coisa sobre a música erudita.

O remédio agora, para quem não encontrar esta gravação que escolhi hoje para escutar, será procurar outras gravações mais recentes, e que ainda circulem no mercado, como a da Naxos, com Alexandre Tharaud ao piano, da Emi com Jacques Février e da Chandos com Vovka Ashkenazi.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

DOR OUTRA VEZ

DOR OUTRA VEZ

De Isaac Starosta

Dor é sentimento

Em calda

É fervor servido

Em ebulição

Quem sente amor

Também sente dor

Que tudo ocorre

Se compensando

Pelas leis naturais

Quem consegue evitar

Os frios de primavera

Clima extra-galático?!

DALAI-LAMA

Dele tenho uma frase que recebi do Dr. Oscar Glusman, se estou bem lembrado. Como quer que seja, convém divulgar pois a frase é boa, justa e se encaixa perfeitamente na minha maneira de pensar. Ei-la:

“Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, e depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.

E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente e acabam por não viver nem no presente nem no futuro.

E vivem como se nunca fossem morrer, e morrem como se nunca tivessem vivido”

RESPOSTA A UM LEITOR

Alguém, que se intitula como Ideiafix, quer saber o que penso sobre a obra A Criação de Haydn. E respondo que, diferente de Handel, não era característico de Haydn o escrever cantatas com enredo bíblico. Poderíamos dizer que as obras de Haydn são de um classicismo lírico enquanto que as de Handel, por seguirem fielmente as narrativas bíblicas, são mais dramáticas.

Lembro de uma época, aqui em Porto Alegre, em que Pablo Komlos, um maestro judeu-húngaro proveniente da Europa, transitou pelo Uruguai até se fixar em Porto Alegre onde fundou a primeira Orquestra Sinfônica na história de nossa cidade. Pois eu lembro que, das obras aqui regidas por Komlos, além da Nona Sinfonia de Beethoven, a que mais forte impressão causou ao nosso público foi exatamente a Criação de Haydn; entre os trechos que fizeram a platéia chorar de emoção estava o “E Fez-se a Luz!!!”, neste trecho a música crescia tanto até ir bater lá no Céu! A Criação era o puro Gênesis traduzido em português, o que facilitava a compreensão do auditório.

O tema da Criação foi sugerido a Haydn por Johann Peter Solomon, violinista e compositor alemão que se radicou na Inglaterra, onde introduziu as sinfonias de Haydn e Mozart. O oratório estreou-se em 1798 em Viena e foi seguido por outro, As Estações do Ano, em 1801. Na sua época Haydn não conseguiu ser tão apreciado quanto Mozart e Beethoven, apesar de ser sumamente interessante em todas as suas numerosas obras.

Hoje, séculos após a sua morte, surpreendentemente surge um consenso, entre estudiosos e críticos, de que Haydn alcançou sua realização máxima nas músicas vocais: oratórios, missas e óperas.

Para o audiófilo em geral a música de Haydn é muito ampla e inesgotável. E os intérpretes estão sempre redescobrindo-a tanto nas sinfonias, como no quarteto de cordas e na música para teclado, cujas possibilidades ele ampliou com sutilezas, leveza de execução e uma lógica de estruturação pura e cristalina.