ANIVERSÁRIO
De Isaac Starosta
Hoje é o meu aniversário, neste 28 de abril que eu não comemoro há muitos e muitos anos. Acho até que os adultos não gostam de comemorar porque já estão acostumados a ganhar idade (ganhar?).
Para as crianças é que festa de aniversário soa sempre como a vida jogada de ponta cabeça no ganho de muitos e variados brinquedos mirabolantes.
Só hoje estou lembrando o meu dia, pois faz muito tempo que eu nem lembrava mais. E por que só hoje? Ora, porque hoje é hoje, vinte e oito de abril de dois mil e onze, e nada mais. Convém reconhecer também que nesta data o nosso mundo está mais eletronificado, competitivizado e emburrecido do que nunca.
O que fazer para encontrar o nosso verdadeiro lugar dentro desta confusão? Só tem um jeito possível: transformando toda essa meleca de absurdidades em POESIA.
Ridículos aqueles que pretendem grandes coisas, inclusive governar o mundo. E ridículos são os poetas que teriam muito, o seu mundo ideal, para impor à sociedade, mas que, assim mesmo, ou talvez por causa disto mesmo, foram expulsos da República por Platão.
Aliás, o Talmud diz o seguinte: “O ridículo desonra mais que a desonra”.
Mas desculpem-me vocês, acho que tenho o direito de ser um pouco ridículo, pelo menos no dia do meu aniversário, abraçando, beijando, e dançando efusivamente até mesmo com as pessoas que eu desconheço.
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