MINHA ESCADA ROLANTE
Tenho, já faz muito tempo, a intenção de escrever poema sobre a escada rolante, não tanto sobre o que esta é, mas sobre o que parece ser. E um poema das aparências, isto é, sensorial, torna-se mais difícil de escrever.
Por insólito que fosse o tema, no meu primeiro livro, de edição já esgotada e que se chama Poemas ao Portador, eu incluí minha tentativa de poema que se chama precisamente Escada Rolante.
Agora, nos últimos meses, resolvi quebrar o poema em pedaços e depois soldá-los como se pudessem operar uma solda autógena. Imaginem, pois, que a gente pegasse um Chevrolet Opala ano 1970 e o refundisse com um Toyota de última geração. Poderá dar certo?
Aí é que entra a vantagem da Poesia sobre as Artes Industriais. É que na Arte Poética a gente sempre pode desmontar e retrabalhar o mesmo produto, enquanto que na Indústria é meio impossível desmontar para depois fazer outra coisa, ou seja, transformar as mesmas peças.em outra coisa.
Voltando a folhear Poemas ao Portador, sempre considerei Escada Rolante um bom poema, e deixá-lo como está, por não ter em que mudá-lo, tem sido uma conclusão imediata.
Porém só hoje eu sei que a minha ponta de descontentamento, é por eu não ter trabalhado suficientemente o poema, ainda faltava lubrificar e apertar aqui e ali os parafusos. Só hoje sei que eu começava e realizava cada poema em minutos, parece que era Deus quem botava os poemas e os chocava por mim. Às vezes os poemas-minuto davam certo, porém outras vezes ficava faltando alguma coisa. Por isso é que eu constato: geralmente a facilidade dá mais erros do que acertos.
Espero ter encontrado uma forma, se não definitiva, quase.
ESCADA ROLANTE ( Versão nova, de 2010 )
De Isaac Starosta
A escada rolante
Sobe ou desce
Em vôo rasante
Trenó da alegria
Parece que todos
Ganharam na Loteria
Desfilam canções
Elisabetanas
Ingênuas
Brincando de roda
Tropicam de repente
Num patamar provisório
E a esteira de aço
Prossegue em órbita
Sem nenhum cansaço
ESCADA ROLANTE ( Versão antiga, de 1972
A escada rolante
subindo e descendo
seu destino desde
a eternidade.
Dado instante
ficamos num patamar.
entregues, provisórios.
A esteira de aço
prossegue em órbita
solene
pelo espaço.
Sobe-desce a viagem
que sonhamos
desde a eternidade:
sem nenhum cansaço
P.S. Eu gostaria muito que alguém, ou alguéns, comentasse(m) se o meu poema novo, de 2010, melhorou, ficou na mesma, ou piorou em comparação com a versão antiga.
Obrigado pelas considerações a respeito.
Escada rolante....
ResponderExcluirGostei muito da expressividade do poema, me senti como se eu estivesse realmente subindo de um andar para o outro, no shopping, utilizando este meio de locomoção.
Eu acredito que a versão antiga do poema tem uma linguagem mais filosófica, e por isto, mais profundidade de idéias. Já a versão atual é mais direta, e nos faz ter uma viagem virtual pela escada rolante. A conclusão que eu chego é que as duas versões são muito boas, porém totalmente diferentes. Parabéns!
Xandi.